"E desta vez vai ser mais difícil dizerem por aí que o filme tem cara de televisão. Porque ele tem corpo e alma é de teatro. Teatro bom, claro."
18 de abril de 1945. Durante anos centenas de pessoas foram torturadas pelo regime de Getúlio Vargas mas, com a pressão externa decorrente do fim da 2ª Guerra Mundial, vários presos políticos ganharam a liberdade. Segismundo (Tony Ramos) é um ex-oficial da polícia política de Vargas que agora teme que suas vítimas resolvam se vingar. Ele trabalha como chefe da seção de imigração na Alfândega do Rio de Janeiro, tendo por função evitar a entrada de nazistas. Em uma averiguação habitual ele interroga Clausewitz (Dan Stulbach), um ex-ator polonês que, por recitar Carlos Drummond de Andrade, lhe foi enviado por um subalterno. Para convencer que não é nazista, Clausewitz precisa usar todo o seu talento como ator.
Esse é mais um daqueles filmes que tornam um momento crítico e dramático em mágico. É o famoso encanto onde ninguém enxerga. Tony Ramos sempre nos dando orgulho da atuação brasileira e Dan Stulbach em um papel até meio forçado à primeira vista, mas que depois é explicado pelo fato de o personagem ter trabalhado durante 10 anos encenando monólogos.
No começo do filme, até temos a falsa impressão de que vai acontecer muita coisa, vamos ouvir barulhos de tiros, ver gente morrendo, uma bela reviravolta, etc. Mas começamos a perceber que acontecerá o contrário. Será um filme monótono e cansativo. Pois bem, por fim nos damos conta de que é uma bela obra de arte, mesclando a genialidade do teatro com torturas lembradas por Segismundo, ou citações de Carlos Drumond de Andrade, com a maneira rude com que Clausewitz fora tratado, o confundindo com um nazista.
A parte interessante do filme, é a leveza e a beleza das palavras, quando na verdade, ninguém espera isso. Concordo com o fato de que a história ficaria mais bem adaptada em uma peça de teatro mesmo, mas de qualquer maneira, o diretor teve bom senso de não colocar duas horas de filme, uma vez que a maior parte é um diálogo entre Clausewitz e Segismundo.
Por final, Clausewitz consegue ficar no Brasil por uma parte da peça que ele encena, e se dá conta de que ele realmente nasceu para o teatro, já que por meio deste que ele conseguiu algo tão importante.
Belíssimo filme.
Playing: While my Guitar Gently Weeps
Críticas furadas (ou não), filmes bons e ruins, opiniões, criações, pensamentos, enfim...um lugar de expressões criadas entre paredes roxas.
terça-feira, 13 de abril de 2010
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